sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

Jorge Manrique: Oh Mundo, pois que Nos Matas‏


Oh mundo, pois que nos matas,
fosse a vida que existe
toda vida!
Mas segundo cá nos tratas,
o melhor e menos triste
é a partida
de tua vida, tão coberta
de tristezas e de dores,
despovoada,
de bens sempre tão deserta,
de prazeres e dulçores
despojada.

É teu começo choroso,
tua saída sempre amarga
e nunca amena;
o do meio, trabalhoso,
e a quem dás vida mais larga
lhe dás pena.
Assim os bens mal morrendo
e com suor se procuram
e no-los dás;
os males chegam correndo
depois de chegados duram
muito mais.


Tradução de Rubem Amaral Jr.