quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Bento XVI nega o dogma da Redenção

Padeceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado.
Qual é propriamente a posição que a cruz ocupa no contexto da fé em Jesus enquanto o Cristo? Eis a questão com que este artigo do Credo nos torna a confrontar. Nas considerações anteriores já foram reunidos elementos essenciais para uma resposta, bastando-nos agora evocá-los. Nesta questão, a mentalidade cristã está condicionada por uma idéia bastante grosseira da teologia da satisfação de Anselmo de Cantuária, cujas linhas fundamentais foram objeto de análise em outro contexto. Para muitos cristãos, sobretudo para os que conhecem a fé assaz superficialmente, a cruz parece que deva ser compreendida dentro de um mecanismo do direito lesado e reabilitado. Seria a forma com que a justiça divina infinitamente ofendida se consideraria reabilitada por meio de um sacrifício infinito. Tem-se a impressão de tratar-se de uma exata igualação entre dever e haver; ao mesmo tempo perdura a impressão de um tal igualamento basear-se sobre uma ficção. Entrega-se, secretamente, com a esquerda, o que naturalmente se torna a receber com a direita. Deste modo fica envolvida por uma luz duplamente sinistra a 'infinita satisfação' da qual Deus parece fazer questão.
Observando certos textos de devocionários, não se pode escapar à idéia de que a fé cristã na cruz vê um Deus cuja justiça implacável exige uma vítima humana, o holocausto do seu próprio Filho. E recuamos horrorizados diante de uma justiça, cuja ira tenebrosa torna incrível a mensagem do amor.
Tão espalhada quanto falsa é esta idéia.”
(Pe. Joseph Ratzinger, Einführung in das Christentum)

Tradução do Pe. José Wisniewski Filho, S.V.D